sexta-feira, 30 de maio de 2008

Jovens são as maiores vítimas de homicídios

1ª reportagem da série Boletim de Políticas Sociais (Juventude)
O Boletim de Políticas Sociais (BPS) nº 15 é um estudo denso que tem como foco a Juventude. São 310 páginas que abordam políticas públicas, previdência social, assistência social e segurança alimentar, saúde, educação, cultura, trabalho e renda, desenvolvimento rural, direitos humanos e cidadania, igualdade racial, igualdade de gênero, justiça e segurança pública (O site do Ipea fará uma série de reportagens sobre esses temas do BPS, sendo que a primeira segue abaixo). Criminalidade juvenil é alarmante Segundo o BPS, "as pessoas com idade entre 18 e 24 anos foram as mais freqüentemente identificadas como infratores por homicídio doloso (17,56 ocorrências por 100 mil habitantes), lesões corporais dolosas (387,74), tentativas de homicídio (22,32), extorsão mediante seqüestro (0,34), roubo a transeunte (218,23), roubo de veículo (20,24), estupro (14,57) e posse e uso de drogas (41,96)". Por sua vez, os jovens de 25 e 29 anos apareceram como os principais infratores para o crime de tráfico de drogas (24,47).

O estudo aponta como responsáveis por este quadro fatores como a expansão, diversificação e sofisticação da violência delitual nas grandes cidades, a disseminação do porte de armas de fogo, a generalização de uma "cultura da violência" e as grandes contradições sociais (especialmente o consumismo exacerbado em meio à restrição das oportunidades de inserção social via mercado de trabalho e às grandes desigualdades sociais).

À medida que cresce a criminalidade em geral, diminui a idade dos autores da violência. As redes do crime organizado sintetizam esse fenômeno: desde que se estruturaram nos grandes centros urbanos do país a partir da década de 1980, em conexão com o narcotráfico, elas vêm operando por meio de um verdadeiro "exército" de jovens, com participação crescente de crianças. Os pesquisadores acreditam que "o debate sobre juventude e violência não pode se furtar a analisar, entre outras, a questão do recrutamento de jovens para atividades criminosas e as facilidades ainda vigentes para se obter arma de fogo no país, bem como o processo de educação e formação dos jovens em meio a um contexto de banalização da violência, ou mesmo a dinâmica férrea da reprodução das desigualdades e da exclusão social".

A perspectiva de ganhar dinheiro fácil e rápido com pequenos ou grandes delitos seduz alguns jovens pela possibilidade de adquirir os bens de consumo da moda - o passe para uma forma simbólica de inclusão mais ampla na sociedade que contrasta com a exclusão real a que está submetida grande parcela dos jovens brasileiros, especialmente os pobres e negros. No entanto, os estudos indicam também que muitos jovens são atraídos pela perspectiva de obter reconhecimento ao impor medo e insegurança quando ostentam armas de fogo ou de afirmar a sua masculinidade guerreira ao serem identificados como "bandidos".

A presença da violência entre as pessoas dessa faixa etária está primordialmente relacionada a eventos como brigas e ameaças - que muitas vezes resultam em mortes ou ferimentos graves - e, portanto, ao seu uso como instrumento de resolução de disputas e conflitos interpessoais. O BPS constata na sociedade brasileira uma ampla aceitação da violência como instrumento legítimo para solução de conflitos, seja para "defender a honra", seja para atestar o poder dentro de um determinado grupo. Essa aceitação tenderia a repercutir de forma especialmente fértil entre os jovens, exatamente pela preservação da auto-imagem, de uma identidade em construção. O estudo conclui que é fundamental atentar para o fato de que o envolvimento dos jovens com as várias manifestações da violência (seja como autor ou como vítima) diz respeito também ao tortuoso processo de construção e afirmação da identidade juvenil. Levar esse fator em consideração é um requisito essencial para o sucesso das ações na área de prevenção da violência. Jovens são tão infratores quanto vítimas Segundo o Boletim, "a vitimização fatal de jovens é alarmante". As estatísticas mostram que, enquanto as taxas de mortalidade da população brasileira como um todo vêm decrescendo progressivamente - como tendência de longo prazo relacionada à melhoria das condições de vida -, tal fenômeno não se observa com intensidade semelhante no caso do grupo populacional com idade entre 15 e 29 anos.

A principal explicação está associada às altas taxas de mortalidade nessa faixa etária por causas externas, que englobam diversas formas de acidentes e violências (entre as quais os assassinatos por armas de fogo e os acidentes de trânsito). As vítimas, em geral, são jovens do sexo masculino, pobres e não-brancos, com poucos anos de escolaridade, que vivem nas áreas mais carentes das grandes cidades brasileiras.
Segundo dados do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Sistema Único de Saúde (SUS), as mortes por homicídios entre os brasileiros de 15 a 29 anos passaram da média anual de 27.496 no período 1999-2001 para 28.273 no período 2003-2005,36, sendo responsáveis por 37,8% de todas as mortes nessa faixa etária.


Essas mortes vitimam mais os homens (93% das vítimas de homicídios), 37 concentrando-se no grupo de 18 a 24 anos (com taxa de 119,09 vítimas por 100 mil habitantes), seguido do grupo de 25 a 29 anos (107,44) e do de 15 a 17 anos (64,59). No que se refere aos acidentes de trânsito - responsáveis pelo segundo maior número de mortes entre os jovens brasileiros - os dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) informam que, em 2006, os jovens com idade entre 18 e 29 anos representaram 26,5% das vítimas fatais (contra 40,9% para o grupo de 30 a 59 anos) e 36,9% das vítimas não fatais (contra 32,4% para o grupo de 30 e 59 anos) de acidentes de trânsito no país.

O estudo também mostra que, em relação à violência não-letal, os jovens também são as maiores vítimas. Um levantamento realizado pelo Ministério da Justiça (MJ) com as ocorrências registradas pelas polícias civis dos estados indica que, em 2005, o grupo de 18 a 24 anos foi a maior vítima não apenas dos casos de homicídio doloso (47,41 ocorrências por 100 mil habitantes), mas também das lesões corporais dolosas (514,83), das tentativas de homicídio (38,06), da extorsão mediante seqüestro (0,78) e do roubo a transeunte (333,8); já os jovens de 25 e 29 anos apareceram como as maiores vítimas dos furtos a transeunte (260,0) e do roubo de veículo (32,71), enquanto os adolescentes de 12 a 17 anos foram as maiores vítimas de estupro (35,43) e de atentado violento ao pudor (10,04).

Por outro lado, é importante notar que, se os jovens são comprovadamente o grupo social mais vitimado pela violência, eles também figuram como seus maiores autores. A violência que se manifesta em atos de delinqüência corriqueiros, no vandalismo contra o espaço público, nos rachas e manobras radicais no trânsito, nas brigas entre gangues rivais, no dia-a-dia do ambiente escolar ou nas agressões intolerantes a homossexuais, negros, mulheres, nordestinos ou índios em várias partes do país é majoritariamente protagonizada por jovens e, em geral, vitima outros jovens. Ou seja, a violência cotidiana que acontece no país hoje é cometida por jovens contra jovens.

Acesse o Boletim de Políticas Sociais na íntegra.
Fonte: http://www.ipea.gov.br

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Pacto pela Vida e PRONASCI

No site do Governo do estado é possível baixar (em pdf) o Pacto pela Vida, nosso programa estadual de segurança pública.
visite:http://www2.pe.gov.br/web/portalpe/programas?id=728w2.pe.gov.br/web/portalpe/programas?id=728

Já no portal do ministério da justiça, o Pronasci tem página específica:
http://www.mj.gov.br/data/Pages/MJF4F53AB1PTBRIE.htm

Com o objetivo de ampliar o debate e mostrar a opinião de diferentes atores, o boletim Juventude na Cena, da Ação Educativa (ong de SP) feito no final de ano passado, põe em foco neste número as propostas do Pronasci, seus avanços e possibilidades, mas também seus limites e desafios. Veja a edição:
http://nsae.acaoeducativa.org.br/portal/index.php?option=com_content&task=view&id=827&Itemid=113

Homens de 18 a 29 anos representam quase 60% da população carcerária, diz estudo

Nossa próxima roda de diálogo, 12de junho, falará sobre Juventude e vida segura. Nela, teremos a presença de Ratton, especialista consultor do governo do estado, abordando o Pacto pela Vida, principalmente no que diz respeito aos jovens. Provavelmente o Marcílio também estará presente com informações sobre o projeto do ministário da justiça - Pronasci ( programa nacional segurança pública com cidadania...) que em Pernambuco vai ter ações em 12 municípios.

Bem, por isso já postamos uma reportagem da Agência Brasil:
Juventude é perigo de alto risco para brasileiros do sexo masculino, aponta Ipea
http://blogdaroda.blogspot.com/2008/05/juventude-perodo-de-alto-risco-para.html

e agora postamos mais esta, de autoria da mesma jornalista, Luana Lourenço:

Homens de 18 a 29 anos representam quase 60% da população carcerária, diz estudo
Brasília - Embora representem 32,5% da população com mais de 18 anos, os jovens do sexo masculino entre 18 e 29 anos constituem 59,6% da população carcerária do país. De acordo com levantamento divulgado hoje (20) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em 2007, dos 303.540 presos com informação de idade, 32,9% tinham de 18 a 24 anos e 26,7% de 18 a 29 anos.
“Os jovens, principalmente os homens, são o principal alvo das políticas públicas de segurança. Este foco não está estabelecido na legislação e em geral, nem mesmo é confirmado pelos gestores”, aponta a pesquisa Juventude e Políticas Sociais no Brasil.
Em 2005, os jovens de 18 a 24 anos respondiam “pela maior parte dos registros de homicídio doloso, lesão corporal dolosa, tentativa de homicídio, extorsão mediante seqüestro, roubo a transeunte, roubo de veículo, estupro e posse e uso de drogas”.
No entanto, de acordo com o Ipea, os números não evidenciam que os jovens necessariamente cometam mais crimes que outras parcelas etárias da população, mas que “estão mais associados às práticas tidas como ameaçadoras da segurança pública e, por isso, são alvo privilegiado das ações que visam reprimi-las”.
A taxa de encarceramento de pessoas com mais de 30 anos é de aproximadamente dois presos por mil habitantes, a taxa para os jovens é de 6,1 por mil. Entre os homens jovens, o número chega a 11,5 por mil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística (IBGE).
De acordo com o estudo, as políticas de segurança pública em relação à juventude estão mais associadas a uma abordagem policial e ao sistema penal do que à promoção de ações preventivas. As medidas de prevenção, segundo o texto, são recentes e ainda limitadas, apesar dos méritos de tentarem se antecipar à ocorrência do crime e reduzir a pressão sobre o sistema judiciário.
“Seria da maior importância que uma política nacional de prevenção à violência fosse estruturada, incluindo ações de enfrentamento de fatores de risco e a potencialização de fatores de proteção, buscando ampliar a ação do sistema de justiça criminal da simples repressão e punição para o tratamento e reinserção social dos apenados”, sugere o documento do Ipea.

Fonte: www.agenciabrasil.gov.br

segunda-feira, 26 de maio de 2008

CONJUVE se reúne para fazer balanço da Conferência

Nos próximos dias 26 e 27 de maio, o Conselho Nacional de Juventude realizará reunião ordinária. A pauta central será o balanço de todo o processo da Conferência Nacional de Juventude, iniciativa da qual o órgão participou como co-organizador. Os membros do Conjuve atuaram na definição do formato do evento, integraram as comissões organizadoras estaduais e nacional e contribuíram na coordenação da etapa realizada em Brasília de 27 a 30 de abril.
Os conselheiros vão se debruçar sobre todos os aspectos do processo, da metodologia e mobilização à condução da Conferência Nacional. Na reunião, será debatido o papel do órgão no encaminhamento das resoluções do encontro nacional e de como aproveitar a onda de mobilização provocada para fortalecer a participação da juventude na luta pela garantia dos seus direitos.
Para o presidente do Conselho, Danilo Moreira, o Conjuve tem papel fundamental para articular a transformação do acúmulo expresso nas resoluções e prioridades em ações concretas do poder público, não só no governo federal mas no Executivo e Legislativo nas três esferas da Federação.

Fonte: www.juventude.gov.br

SEMINÁRIO DE SOCIOLOGIA DIA 30

SEMINÁRIO DE SOCIOLOGIA - FAGES (UFPE)
Data: 30 de maio de 2008

9 h – 12 h Mesa Redonda: A Juventude Contemporânea:
Juventude rural: vida no campo e projetos para o futuro - Profa. Dra. Nazareth Wanderley - PPGS/UFPE
Igreja e juventude num contexto pentecostal: distinção, heterogeneidade, estratégias e ambigüidades – Fátima Paz (UFRPE/PPGA/UFPE)
Trajetórias de rapazes de grupos populares e a construção do reconhecimento – Márcia Longhi(PPGA/UFPE)

Local: Sala de Seminários do PPGS (12º Andar do CFCH - UFPE)
Av. Acadêmico Hélio Ramos, s/n, 12º andar – Recife/PE

domingo, 25 de maio de 2008

De 26 a 30:Homenagem aos 40 anos de Maio de 68

Homenagem aos 40 anos de Maio de 68: "Esqueçam tudo o que aprenderam. Comecem por sonhar."
Programação:

26/05 (Segunda - Feira)
8:00 h - Credenciamento ( Hall do CCSA)
9:00 h - Mesa de abertura : "Esqueçam tudo o que aprenderam, comecem por sonhar."
Eixos: * A construção de uma nova ordem societária:Utopia ou realidade?
* O Projeto ético-político profissional: Limites e Possibilidades
Convidad@s: Cézar Maranhão (Doutorando em Serviço Social )
Profª Alexandra Mustafá (Coordenadora do GEPE)
Local: Auditório do CCSA
14:00 h - Grupo Pressão no juízo (Teatro do Oprimido)
Local: Espaço em frente a ADUFEPE
16:00 h - Palestra: Teatro Pernambucano e Repressão Militar
Convidada: Leda Alves (atriz, atuou pelo Teatro Popular do Nordeste)
Local: Sala 01 (Corredor de Serviço Social)
08 - 18:00 h - Exposição Fotográfica


Dia 27/05 (Terça Feira)
09: 00 h - Mesa: "Memória de um tempo onde Lutar por seus direitos é um defeito que mata."
Eixos: * A atuação do profissional de Serviço Social frente as investidas de seu tempo
* O Movimento estudantil em 68
Convidad@s: Profª Ana Elizabete Mota ( Pós-Doutora em S. Social / Coordenadora do GET)
Otávio Luiz (Mestrando em Ciências Sociais )
Local: Auditório do CCSA
14:00h - Exibição do filme: Hércules 56
Debatedor: Otávio Luiz (Mestrando em Ciências Sociais )
Local: Anfiteatro
Dia 28/05 (Quarta-Feira)
09:00 h - Oficina
14:00 h - Oficina
Local: salas do CCSA (com placas sinalizadoras)


Dia 29/05 (Quinta-Feira)
09:00 h - Exibição do Documentário: " A batalha do Chile - O poder popular"
Debatedor: Luiz Momesso (Drº em Comunicação pela USP)
Local: Auditório do CCSA
14:00h - Mesa: Entre barricadas e ocupações
Eixos: A Reforma Universitária em 68
A Nova Face de uma Velha Reforma: O discurso do governo Lula
Reforma Universitária: apoio, disputa ou negação?
A reorganização do Movimento Estudantil
Convidad@s: Profº Daniel Rodrigues ( Drº em Educação/ membro da ADUFEPE)
Profª Mirtes Alcoforado ( Drª em Serviço Social / UFPE)
Liana ( Secretaria de Mulheres da UNE)
Thiago Luiz (dirigente regional da Conlute )
08 às 18:00 h : Exposição Fotográfica

Dia 30/05 ( Sexta - Feira )
09:00 h - Loucas de Pedra Lilás ( A confirmar )
14:00h - Mesa: "As reservas impostas ao prazer excitam o prazer de viver sem reservas"
Eixos: É preciso estar atento e forte: mercantilizaçã o da orientação sexual
É proibido proibir: O Serviço Social na luta pela livre orientação sexual
A gente quer ter voz ativa: a luta das mulheres na sociedade de classe
Convidad@s: Movimento Gay Leões do Norte
Profª Solange Couto (SOS Corpo )
Profª Laura Arrazola (Deptº Ciências Sociais - UFRPE)
18:00h - Noite Cultural

Realização:
Movimento Intenção de Ruptura
Apoio:
GRAPP - Grupo de Estudos e Pesquisas em Gênero, Raça, Meio Ambiente e Planejamento de Políticas Públicas
NUPEPS - Núcleo de Pesquisa em Práticas Sociais
GET - Grupo de Estudo sobre Trabalho
DCE/UFRPE - Gestão "Ser, Fazer, Acontecer"

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Juventude é período de “alto risco” para brasileiros do sexo masculino, aponta Ipea

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A violência é responsável por altos índices de mortalidade entre os adolescentes e jovens brasileiros, de 15 a 29 anos, “fazendo com que esse período etário seja considerado de alto risco, quando poderia ser um dos mais saudáveis do ciclo vital”. A conclusão é do estudo Juventude e Políticas Sociais no Brasil, divulgado hoje (20) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

De acordo com o levantamento, “morre um número significativamente superior de homens do que de mulheres” nessa faixa etária. A alta taxa de mortalidade entre os jovens do sexo masculino, que entre 2003 e 2005 chegou a ser quase cinco vezes maior que entre as mulheres da mesma idade, se deve principalmente a uma grande exposição à violência.
Entre 2003 e 2005, morreram cerca de 60 mil jovens do sexo masculino, a maior parte das mortes – 78% – foi causada por fatores externos, majoritariamente associadas a homicídios e acidentes de trânsito. Entre as mulheres, os óbitos causados por esses fatores representam 35% do total.

Para os jovens negros, o quadro é ainda mais complicado, segundo o Ipea. Entre os jovens de 18 a 24 anos, a taxa de mortalidade entre os brancos foi de 204,58 por 100 mil entre 2003 e 2005; e chegou a 325,04 para cada 100 mil jovens negros.
Além da violência, o relatório aponta comportamentos de risco como fatores responsáveis por óbitos entre jovens no Brasil, entre eles, o consumo de cigarro, álcool e drogas, além da exposição a doenças sexualmente transmissíveis. “Uma importante causa da morbimortalidade no grupo das doenças infecciosas e parasitárias [que atingem os jovens] é representada pela aids”, segundo o documento. Até 2005, o Brasil registrou 112 mil casos da doença em jovens de 15 a 29 anos. “O número representa 30% do total de casos notificados no país desde o início da epidemia, nos primeiros anos da década de 1980”, destaca o texto do Ipea.

De acordo com a pesquisa, as políticas públicas para reduzir os índices de mortalidade entre jovens devem passar pela articulação de medidas de combate à violência e saúde pública, entre outras. “A sobremortalidade de adolescentes e adultos jovens, especialmente por causas violentas, continua sendo o principal desafio para a proteção deste grupo etário, não só para a área de saúde, mas para as políticas públicas de uma forma geral”.

Fonte: http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2008/05/20/materia.2008-05-20.9714627103/view

quarta-feira, 21 de maio de 2008

"Papo Cabeça" nesta sexta, dia 23

PAPO CABEÇA
Debatendo formas de resistência cultural

Dia: 23.05.08

horário: 15h

Local: Memorial de Medicina (Derby)

Tema: Juventude e Eleições: Construindo o futuro com cidadania

Convidados: Paulo Rubem Santiago e Roger de Renor

Informações: FASE - 3221.5478

terça-feira, 20 de maio de 2008

Memória da Roda de Abril e Carta ao governador

Bem, já que continuamos querendo pautar nossa conversa com o governador, postamos aqui a memória de nossa roda de diálogo de abril deste ano, na qual conversamos com o Secretário de Juventude e Emprego, Pedro Mendes.


Memória Roda de Diálogo – 10 de Abril
Tema: Continuação do diálogo com o Governo do Estado sobre política pública de juventude.

A Roda teve como convidado o Secretário Especial de Juventude – Pedro Mendes para suscitar o diálogo a partir da carta apresentada pela Roda de Diálogo, solicitando diversas informações sobre juventude no Estado. O segundo momento da Roda foi dedicado a uma avaliação sobre a Conferência Estadual de Juventude.

Pauta da Carta*:
- Repasse de informações sobre as ações da Secretaria;
- Repasse de informações sobre o que o governo tem previsto para as juventudes;
- Informações sobre o Projeto Dialogando;
- Tramitação do Plano Estadual de Juventude;
- Grupo Intersetorial.

Fala de Pedro Mendes, Secretário Especial de Juventude:

* A juventude pernambucana vem retribuindo a convocatória do governo. Ela está madura para discutir política pública.
Este diálogo iniciou antes do governo e está cada vez mais intenso.
A Secretaria de Juventude atua na transversalidade e diretamente na institucionalidade, a exemplo do Projeto Dialogando e do Plano Estadual de Juventude.

* Finalização do Plano. Até agora foram feitas conversas com a sociedade. Neste momento, haverá uma pactuação entre e dentro do governo.

* Comitê intersetorial é presidido pelo governador e reúne 16 secretarias e a FUNDAC
A primeira reunião foi dedicada à formação, apresentação e funcionamento do Comitê. Houve solicitação de informações para repasse na segunda reunião, que iria acontecer hoje, mas foi cancelada.
O Modelo de Gestão foi baseado na definição de prioridades, com a definição de 10 macro objetivos. Haverá interferência direta do próprio governador no acompanhamento das ações.

Prioridades para 2008
1) Plano repassado para a Assembléia Legislativa até julho. Previsão de que ele seja sancionado ainda este ano. A Comissão da Assembléia tem participado de forma mais próxima no sentido de facilitar a tramitação.
2) Conselho Estadual de Juventude (deliberativo). Proposta é também de trabalhar com os municípios para que se tenha, pelo menos, 50 Conselhos Municipais.
3) Atuação nas escolas, interagindo Educação, Cultura e Esporte, a partir do segundo semestre (previsão no Pacto pela Vida) – “Juventude em Movimento”.

Obs.: ainda haverá repasse de informações das Secretarias para melhor definir quais serão as prioridades a serem garantidas no PPA – Plano Plurianual.

Proposta:
Repasse do documento com as prioridades 2008 para a Roda de Diálogo e, em 10 dias, possibilitar uma conversa.

Avaliação sobre a Conferência Estadual de Juventude

- Acerto na forma de construção coletiva, inclusive com uma grande participação do interior.
- Os grupos de trabalho funcionaram muito bem.
- Falta de discussão política entre os grupos.
- Ociosidade no domingo, que foi preenchida a partir das iniciativas dos próprios jovens.
- Falta a definição de qual é a pauta, a bandeira da juventude (sociedade civil).

Encaminhamentos
- Oficializar o interesse e a necessidade de realizar uma Roda de Diálogo com o governador – Péricles, Waneska e Zé Alberto.
- Repasse de informações para a Roda de Diálogo sobre prioridades para 2008 – Secretaria Especial de Juventude.
- Retorno com sugestões sobre as prioridades do governo para 2008 – Roda de Diálogo.

Waneska Bomfim - ETAPAS


* A Carta encaminhada naquele momento, era esta ao lado.


Subscreveram a carta (ordem alfabética):
Instituições e coletivos (estas foram as que deixaram claro que assinavam como entidade):
Equipe Técnica de Ass. Pesquisa e Ação Social – ETAPAS; Escola Quilombo dos Palmares - EQUIP; FASE- Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional
Fórum das Juventudes-Recife; Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares- GAJOP; Grupo Mulher Maravilha; Grupo Curumim; Instituto PAPAI; Serviço de Tecnologia Alternativa – SERTA.


Pessoas(representantes de instituições ou ligadas à causa juvenil):
Ana Carla Lourenço da Silva - Projeto Crescendo no Morro; Carine Hansen - Centro de Comunicação e Juventude; Clara Siqueira – Grupo Mulher Maravilha; Dario Pereira - Afoxê Omo Nilê Oguntá; Diglane Galvão Neto - Programa de Promoção da Infância e Juventude – Diaconia; Edna Jatobá - Programa de Educação para a Cidadania -GAJOP
Elisabete Silva - SERTA; Enildo Luiz Gouveia - Associação Semente do Novo -ASSENO e Pastoral da Juventude do Meio Popular -PJMP; Erica Santos - SERTA; Eveton Lima e educadores/as - Escola Pernambucana de Circo - EPC; FASE- Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional; Fórum das Juventudes-Recife; Gina Barros - Rede Reação/Ciranda Encantada; Graça Elenice - Escola Quilombo dos Palmares - EQUIP
Grupo Curumim; Hugo Rogério de Barros - ISCCE- Instituto Sócio Cultural Ciranda Encantada/REDE REAÇÃO; Jakeline Lira – Inspetoria Salesiana do Nordeste / Comissão da Roda de Diálogo; Jaqueline Soares - Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional - FASE; Jerson Ferreira - EDUCA - Pina; João Simão Neto - Comissão da Roda de Diálogo
José Alberto P. da Silva - Comissão Pró-Arraial (Compasp) / Fórum das Juventudes do Recife; José Pires - PROCRIU; Joel Ricardo da Luz; Josenildo Pessoa Senna - Projeto Peixearte - Olinda; Juliene Tenório; Karina Xavier; Kelly Regina; Marcone Costa - Leões do Norte; Maria Angela; Mônica Escobar - Gerência de Educação Complementar - Prefeitura do Recife
Otávio Luiz Machado - Universidade Federal de Pernambuco - UFPE; Patrícia Coreia - GAJOP; Péricles Chagas - COJUVE / RJNE; Rafael Nasper - PROCRIU ; Reginaldo Veloso - Gerência de; Animação Cultural - Prefeitura do Recife; Ricardo Castro - Instituto PAPAI; Rogério de Barros - ESCAP/JUBANI; Sofia Graciano; Sueli Valongueiro - Secretaria executiva colegiada Grupo Curumim; Vandré Araújo - Grupo Mulher Maravilha; Vanessa Silva - Grupo Mulher Maravilha; Vanessa Pereira - Retome Sua Vida; Waneska Bonfim – ETAPAS e Comissão da Roda de Diálogo; Yana Regina - GAJOP

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Relato da última roda - dia 08 de maio

Na última quinta-feira, dia 08 de maio, o pesquisador Otávio Machado foi chamado para nossa Roda de Diálogo, conversando sobre o tema de seu trabalho: “História da Juventude e do Movimento estudantil no Brasil: os passos para inserção na memória do mundo e do Brasil”. Antes de propriamente começar, ele informou que parte deste material seria apresentado na Conferência Nacional, mas foi repensado para um seminário específico, que assim que for agendado, será avisado a todos.Para a Roda de Diélogo, o foco foi o ano de 1968.

O projeto já tem 3 anos e fez uma rica coletânea de entrevistas (quase 300) e documentos. Há um livro publicado (o qual já postamos como dica de leitura neste blog) e um DVD-rom, que reúne também mais de 50 autores. O projeto teve e em a preocupação de trazer o movimento estudantil como “tema” e de dar-nos o direito à memória e à verdade. Assim, não pretende ser produção apenas acadêmica.

Centrando mais em maio de 68, ou melhor, no ano/ época de 1968, Otávio trouxe algumas observações interessantes (que consegui anotar):
- Um dos autores mais lidos foi Marcuse.
- A leitura era de fundamental importância (formação política era ‘exigida”, as pessoas/estudantes tinham que ir preparados para as rodas de debate, discussão – dizer de onde tinha tirado tal frase, de que livro, etc – estudar pensadores era imprescindível)
-Depois de 68, surgiram muitos questionamentos, como à guerra do Vietnã, ao colonialismo, é presença feminina – machismo, liberdade...
- Pequeno histórico 68: março – manif. França e Alemanha, Abril – assassinato de Martin Luther King nos EUA, etc. Não podendo esquecer do “pano de fundo”da américa latina: Cuba (inspiração)
- Polarização ideológica da época (ou era a favor ou contra, ou era comunista ou da direita/ ditadura..)
- 1968 não foi apenas Rio-São Paulo, existiram muitas lideranças fora desse eixo (exemplo em 1967 da movimentação dos “excedentes” – jovens que terminavam ensino médio, passavam no vestibular mas não tinha vaga nas universidades – que foi nacional)
Zé Dirceu e Wladimir Palmeira foram líderes regionais
- 68 no Brasil: “Relatório Meira Matos” / Peça Roda Viva/ jovem Guarda / Morte do estudante Edson Luís / Biuna – Fichamentos / AI-5)

Na abertura para o debate, a primeira a se colocar foi Edna (Gajop), trazendo um conexão feita por ela baseada num detalhe da apresentação: “vendo o depoimento do Meira Matos, o quanto ela relembrou o “nosso” Meira, mostrando o quanto a ditadura influenciou/influencia na atuação policial até hoje”. Também relembrou o episódio do aumento das passagens de ônibus em 2005, quando os jovens foram às ruas. Afirmou também que hoje “a gente não vizualiza um grande ideal de luta do movimento estudantil e que eles não refletem toda juventude.

Graça Elenice (educadora da Equip) disse o quanto achava esta roda interessante. Pegando um gancho da fala do Ótávio que ela achou interessante, de que o movimento estudantil não foi só Rio – São Paulo, reforçou também que a juventude estudantil não era só universitária, havia a secundarista. E acrescentou que não somente a juventude estudantil fez a história da juventude do Brasil, a exemplo das juventudes católicas, juventude pastoral da terra, etc. Lembrou também dos vários veículos de comunicação que estão publicando matérias sobre 1968 e questionou uma afirmação que tem no Diário de Pernambuco do domingo dia 04 de que “a juventude está sem rumo”.. e trouxe outro questionamento: o que é que a juventude de hoje está fazendo para os problemas atuais existentes?.

Péricles (RJNE-PE) trazendo visão bem pessoal, colocou que os jovens em 68 não se identificavam enquanto jovens ou “juventude” com pautas específicas, que essa é terminologia muito recente. Eram militantes e que às vezes já se identificavam como adultos. Já hoje o recorte “jovem” é um elemento identificador. Já em relação ao movimento estudantil, ele coloca que tiveram esta atuação na época, mas... e depois? E diz que percebe um “saudosismo eterno”, mas que em relação a hoje, o que é o movimento ( carteira de estudante? Disputa de cargos?) e, numa visão também pessoal, percebe que eles não representam mais “a juventude” e talvez nem mais os estudantes.
E retomando o paralelo anterior, afirma: “hoje a juventude luta pela afirmação de seus direitos, lá era pauta ‘geral’.”

Jaqueline Soares (FASE-PE), que é formada em história, disse ficar muito feliz por ver a pesquisa, e reforça que a história não é um linha reta. Ela colocou que as juventudes sempre estiveram envolvidas nas lutas históricas. E que os jovens (diversos) construíram a história, e não apenas as juventudes partidárias.

Após essa rodada, a palavra voltou para Ótávio. Este, colocou que não concorda muito com a idéia de Péricles em relação à falta de identificação com “juventude” (exemplos “juventude operária Católica”, “juventude udenista”...). Agora observa que o “ser estudante” algumas vezes se confundia com o “ser jovem”.
Observa também que a “juventude” estava ligada à órbita da família, e que muitos não se entregaram tanto à causa assim (era que a universidade não estava proporcionando a ascensão social desejada por ele e pela família).
Em relação ao movimento estudantil atual, colocou que hoje é outro contexto, outra atuação ( a UNE dos anos 60 e a UNE de hoje são muito diferentes). Só para exemplificar: universidades publicas e milhares de universidades privadas hoje, questão da empregabilidade, antes: “colegas”, hoje: “concorrentes”, grades curriculares, rotatividade dos estudantes, enfim..
Neste momento, Otávio falou muito do que foi colocado na postagem anterior aqui do blog (e-mail enviado pelo próprio postado dia 09 de maio). Inclusive, como foi escrita por ele mesmo, estão bem mais claras suas colocações.

Com a hora já um pouco avançada, Alersson (Gerencia de juventude), Edna (Gajop) trouxeram algum comentários. Otávio também. Por último Graça (Equip) e Simão Neto.
Neste momento já anotei menos e de forma mais confusa, mas posso afirmar que a UJS foi lembrada. Graça tentou deixar claro que o tempo é outro, que as necessidades mudam, e que era importante refletir sobre “o que é que a UJS tem de pauta que ‘casa’ com as nossas” e mais, que era importante eles beberem nas próprias fontes, se avaliarem, mas, se estão ou não fazendo isso...”
Já Simão colocou que sempre foi contra pensamento único, e que é importante a diversidade, e lembrou que mesmo entre as organizações (ongs) e movimentos, que não só o estudantil, também há muitos que se fecham “em seus mundinhos” que muitos também não se preocupam em ir/ocupar espaços de discussão, espaços formativos. E aí emendou sua fala com o momento para os repasses:
- Ele, juntamente com Péricles, foram para reunião sobre o pacto pela Vida e conseguiram pautar a nossa audiência com o governador, estamos agora esperando a data.

Como sugestão para próxima Roda, ficou o tema: “Juventude e vida segura” (que será dia12 de junho), com a presença de Ratton e de Marcílio para instigar o debate. Falta apenas ambos confirmarem (já foram contactados).

Pó último, Auta (Etapas) pediu para que se fizesse alguma fala sobre a conferência, para quem estava lá dar uma pequena palavrinha. Assim, foi sugerido que graça lesse seu texto, que já foi postado neste blog e também entregue a todos presentes na roda, assim como a cópia das prioridades escolhidas na Conferência (estão no site
www.juventude.gov.br). Quem acabou de ler o texto fui eu, devido a emoção de Graça. Jaqueline Soares também demonstrou sentimento positivo em relação ao evento.

Bem, este é meu falho relatório, escrito de uma vez só e sem correções. Por favor, quem quiser e puder, complete.

Abraço,
Jakeline Lira


PS:
Nesta roda, tivemos a presença de 40 pessoas. O número talvez um pouco maior que o usual, para uma roda temática, devido presença de vários jovens ligados ao CCJ (acho que é Centro de Comunicação e Juventude).


sexta-feira, 9 de maio de 2008

40 anos pós-68 e artigo "monópolio da UNE"

O artigo "Monopólio da UNE" , que foi publicado por Otávio Luiz Machado hoje no Jornal O Tempo (Belo Horizonte), poderá ser visto aqui:
http://www.otempo.com.br/otempo/noticias/?IdEdicao=917&IdCanal=2&IdSubCanal=&IdNoticia=78482&IdTipoNoticia=1

Por outro lado, sob o título HISTÓRIA DA JUVENTUDE E DO MOVIMENTO ESTUDANTIL NO BRASIL: OS PASSOS PARA A INSERÇÃO NA MEMÓRIA DO MUNDO DO BRASIL, Otávio Luiz Machado apresentou na sede da Etapas, em Recife, um panorama geral do Projeto de Pesquisa "A Engenharia Nacional, os estudantes e a educação superior: a memória reabilitada (1930-85)" – PROENGE/UFPE, incluindo as duas vertentes: Acadêmica e Cidadã. A primeira mais voltada para a publicação de textos analíticos, identificação de novos documentos de importância para a história do movimento juvenil ou estudantil, divulgação de novos autores, a preocupação do movimento estudantil como tema de pesquisas e a construção de um acervo para novas pesquisas, enquanto a segunda foi tornar o tema mais conhecido pela sociedade, trazer para o domínio público documentos de arquivos privados ou escondidos em arquivos e contribuir para o tão falado direito à memória e à verdade histórica.
Também comunicou a formalização da candidatura do acervo do PROENGE no programa MEMÓRIA DO MUNDO DO BRASIL 2008 (Unesco), que representará de fato a possibilidade do conhecimento do acervo produzido pelo projeto, a sua preservação e a sua difusão à humanidade. Como o programa só contempla documentos originais, portanto foram inscritos 628 páginas com documentos textuais e 423 fotografias.
Com um público composto em sua maioria por jovens estudantes e envolvidos com os projetos sociais de juventude, membros de ONGs, professores do ensino fundamental e médio, o Coordenador de Atividades do PROENGE também fez uma longa introdução sobre os movimentos estudantis em 1968, além de debater com o público questões do movimento estudantil de hoje.
Para Otávio "o movimento mais espontâneo está acontecendo com as ocupações de reitorias", diferentemente da União Nacional dos Estudantes (UNE), que burocratizou e dominou o que poderia ser feito pelos estudantes, principalmente ignorando o que as mais diversas juventudes produzem e pensam. Nada fazem para motivar a participação política, segundo Otávio, levando-se em consideração a presença do mesmo grupo há quase 20 anos e o monopólio total junto ao Governo Federal, impedindo todas as iniciativa da juventude. Citou um projeto de Memória do Movimento Estudantil da UNE, que segundo ele, "o livro de história do movimento estudantil produzido pela UNE privilegiou o pessoal do grupo que tenta comandar o movimento estudantil ", o que seria a mais pura instrumentalização política da História.
Mostrou-se otimista com as ocupações, ao lembrar que "o movimento estudantil se faz a partir da preocupação de certos grupos sociais que se organizam e buscam atuar". Por outro lado, como lembrou que "o pensamento único mata o movimento estudantil", afirmou ser preciso "quebrar esses monopólios de entidades nacionais e a visão única produzida por tais entidades".
Otávio também mostrou sua preocupação com a história divulgada sobre 68, sobretudo no enfoque excessivo no eixo Rio-São Paulo, bem como em três ou quatro personagens. Citou o texto de Nilton Santos (ex-membro da Diretoria da UNE em 1968) que publicado no blog e que será capítulo de um livro a ser publicado:
"Ao contrário, são desconhecidas, por outro lado, importantes manifestações regionais como a mobilização massiva dos estudantes secundaristas baianos, em 1967, que de certa forma foi a "escola" de onde a diretoria da UNE e as entidades regionais tiraram as experiências que impulsionaram para a generalização das mobilizações nacionalmente. (...) Também são praticamente desconhecidas as manifestações estudantis de Minas Gerais que foram importantes atores na reorganização da UNE mantendo erguidas as bandeiras da UNE no pós 64 e onde a repressão foi feroz. Do mesmo modo mobilizações importantes ocorreram em Curitiba, Fortaleza, Recife e Rio Grande do Sul, Pará, por exemplo, para citar apenas algumas, que praticamente não aparecem e não são comentadas (ou o são apenas rapidamente) nos livros e publicações que falam da UNE de 1968. Não se fala também da ação organizada da UNE e de sua diretoria, que foi decisiva na extensão das mobilizações a todo país e em sua coordenação" (ver em
http://sejarealistapecaoimpossivel.blogspot.com/2007/09/texto-1968-experincia-de-um-movimento.html ).
A partir daí, diferentemente do que é divulgado sistematicamente na mídia de forma errada, Vladimir Palmeira e José Dirceu foram lideranças regionais e não nacionais. Muitos dos líderes nacionais estavam entre os membros da Diretoria da UNE 67-68: Luiz Gonzaga Travassos da Rosa (AP-SP), e como vices Nilton Bahlis dos Santos (DI - Rio Grande do Sul) José Roberto Arantes de Almeida (DI - São Paulo), Luís Raul Machado (AP - RJ), Jacques Zajdsznajder (DI - Rio), José Carlos Mata-Machado (AP - Minas Gerais), José Carlos Moreira (AP - Pernambuco), Peri (PO - Bahia), Jari Cardoso (São Paulo) e Edson (Minas Gerais).

Por fim, em entrevista a um veículo de imprensa na tarde de hoje, Otávio foi enfático:
"A história do movimento estudantil brasileiro de 68 ainda precisa de muito mais estudos sérios além dos que já foram produzidos. È preciso coragem de todos para encararmos as enormes lacunas e as inúmeras distorções. E ainda mais: os covardes que só falam o que interessam a si próprios deveriam se abrir e falar o que é de interesse público, bem como olharem a história como uma importante área de formação para as futuras gerações. Faltam gestos e ações espontâneas e embasadas na ética pública. Infelizmente o poder de convencimento de alguns figurões driblam até experientes jornalistas. E os leitores ficam sem nenhuma crítica ou síntese do que foi 68".


Email enviado por Otávio Machado, nesta sexta pela manhã.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

MAIO DE 1968 - artigos, notícias...

Preparando para nossa Roda de Diálogo amanhã, vimos que o Jornal do Commercio, Folha de S. Paulo e diversos impressos estão com reportagens especiais e artigos.

Jornal do Commercio
Especial - 1968 - A revolução dos sonhos (publicação de 04/05 a 11/05)

Eles queriam o impossível
Publicado em 04.05.2008
Wilfred Gadêlha

wgadelha@jc.com.br

Há quem diga que 1968 foi um ano que não coube em apenas 365 dias. Um ano cuja influência continua sendo discutida 40 anos depois, alimentando polêmicas e reavivando debates. Um ano em que a juventude nascida após a Segunda Guerra assumiu o próprio destino. Ou pelo menos a tarefa de mudá-lo. De Paris ao Rio, de São Francisco à Cidade do México, os jovens foram às ruas brigar pelo que achavam certo. Em suma, por liberdade, seja sexual, política ou comportamental. Para o mundo, 1968 começou com o sopro libertário da Primavera de Praga. Para o Brasil, terminou com uma nuvem negra chamada AI-5. Mas foi com a explosão dos protestos dos estudantes franceses que o ano ganhou nome e sobrenome: Maio de 68, tema desta reportagem que dá início à série que o JC publica até o próximo domingo.

A noite de 10 de maio de 1968 só acabou para Jan Bitoun às cinco da manhã do dia seguinte. O estudante de 18 anos passou horas escondido com colegas parisienses no apartamento de uma velhinha, no Quartier Latin, o bairro parisiense que virou o foco incendiário – literal e figurativamente – daquele mês de maio. Ele se escondia dos homens de preto da Companhia Republicana de Segurança (CRS), o equivalente francês das tropas de choque brasileiras, os trogloditas de cassetete na mão do general Charles de Gaulle. Jan Bitoun, hoje com 57 anos, foi um dos milhares de jovens franceses que foram às ruas brigar contra a polícia por mais liberdade, menos burocracia. Quarenta anos depois, professor na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o então estudante de geografia sabe hoje que fez história naquela madrugada.
“Eu havia voltado de uma excursão geográfica e fui direto para o Quartier Latin. Lá, arranquei paralelepípedos do calçamento e ajudei a construir barricadas, que eram, para mim, muito mais um símbolo do que barreiras reais contra a polícia. Mas, como geógrafo, mapeei logo as possíveis rotas de fuga. Quando a CRS começou a bater, corri e me escondi, com outros colegas, embaixo da escada de um prédio. Então, uma idosa, em cujo apartamento haviam lançado gás lacrimogêneo, nos acolheu. Passei a madrugada tomando chá”, conta Bitoun, alternando sorrisos e cigarros.

A gênese do movimento de Maio de 68 tem sotaque alemão. Daniel Cohn-Bendit nasceu em Monatuban, na França, em 1945. Filho de alemães, foi criado do outro lado da fronteira. Em 1968, estudava sociologia na Universidade de Nanterre, situada nos arredores de Paris. “Ele era ótimo. Tinha os olhos muito vivos”, relembra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, professor de Cohn-Bendit naquela época.

O estudante liderou as reivindicações em Nanterre por alojamentos universitários mistos. Até então, mulheres ficavam em um canto, homens em outro. A reitoria disse não aos estudantes, que reagiram na forma de mais protestos. Até que Cohn-Bendit e outros colegas foram processados. Em represália, os estudantes ocuparam a reitoria de Nanterre, em 22 de março. “Ele estudava sociologia e eu, geografia. Conhecia Cohn-Bendit de vista, das assembléias. Nanterre ficava num subúrbio, perto de bairros de imigrantes. Convivíamos com as diferenças de muito perto. Então, havia uma maior consciência lá”, diz Jan Bitoun.
Em abril, Nanterre continuou sob protesto. A cada manifestação, havia mais prisões de estudantes. E, na seqüência, mais manifestações contra as prisões do protesto anterior. Uma bola de neve que se espalhou por outros câmpus parisienses, como a tradicional Sorbonne, encravada no Quartier Latin.

A truculência da CRS pôs mais lenha na fogueira. O que começou como uma reivindicação por alojamentos mistos em uma universidade suburbana incorporou novas bandeiras de luta: da reforma universitária ao fim da Guerra do Vietnã, passando pela rejeição à Guerra Fria e a derrubada do governo do presidente Charles de Gaulle – um herói da Segunda Guerra no poder há dez anos.

Quando maio chegou, só faltava acender o estopim. Universitários de Paris e outras cidades pararam a França. No dia 2, os estudantes de Nanterre fizeram uma greve, contra a convocação de Cohn-Bendit a uma junta disciplinar. No dia seguinte, o governo fechou a universidade. Os manifestantes rumaram para Sorbonne, Dany Le Rouge (o apelido de Cohn-Bendit) à frente. O reitor autorizou a ocupação do câmpus pela polícia – “decisão acadêmica excepcional jamais tomada na França a fim de pôr fim à agitação estudantil”, dizia o Jornal do Commercio de 4 de maio.

Em 10 de maio, milhares de pessoas foram às ruas e transformaram o Quartier Latin em uma mistura de quartel-general e bunker. Quando o sol se pôs, o bairro virou campo de batalha. Foi a “noite das barricadas”: 60 delas foram erguidas. “A CRS desmontou as barricadas e espancou muitos companheiros. Foi um momento interessante, mas não acreditava que isso fosse entrar para a história”, reconhece Jan Bitoun. Centenas de estudantes e policiais ficaram feridos. Mais de 400 manifestantes foram presos.
FHC, que morava no Quartier Latin, lembra que a agitação era permanente. “Duas vezes não pude dormir em casa, tive que ir para um hotel, porque estava tudo ocupado, cheio de polícia. Eu passeei pelas ruas, vi as barricadas, junto com Alain Turrain e Eric Hobsbawn. Senti o cheiro do gás lacrimogêneo e corri também”, conta o ex-presidente.
Em 13 de maio, o que estudantes em todo o mundo buscavam, os franceses conseguiram: a adesão dos trabalhadores. Mesmo contra a vontade do Partido Comunista, que comandava as principais centrais sindicais, cerca de 10 milhões de operários ocuparam fábricas e cruzaram os braços. A greve trouxe escassez de alimentos e gasolina. “Quem tinha carro e combustível dava carona a quem não tinha. Minha mãe, em uma ocasião, levou duas pessoas a manifestações diferentes: uma a favor de De Gaulle, outra contra”, relata Bitoun.
“Foi uma das maiores greves de todos os tempos. Na França sim, houve união entre os movimentos estudantil e operário”, confirma Luís Antonio Groppo, professor do Centro Universitário Salesiano de São Paulo e autor do livro Uma onda mundial de revoltas: movimentos estudantis de 1968.

As greves operárias duraram até meados de junho. O último aluno desocupou a Sorbonne no dia 17. O governo atendeu às reivindicações operárias e as fábricas voltaram a funcionar. Em 23 de junho, De Gaulle esmagou a esquerda nas eleições. “A França é um país onde se gosta de brincar de revolução antes de votar à direita”, ironiza o professor da Sorbonne – e aluno de lá em 1968 – François Moreau, em entrevista ao JC.

Veja também:

BBC Brasil
Maio de 68: Viva a Revolução (Lucas Mendes)
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/05/080501_lucasmendes_ac.shtml

Folha on Line
Maio de 68 foi auge da década em que jovens "aceleraram" a história (Ébano Piacentini)
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u396547.shtml

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Homenagens a todos/as jovens participantes da Conferencia Nacional de Juventude

Em nome de todos/as adultos/as educadores/as que almejam a transformação da sociedade justa, solidária e eqüitativa. Quero parabenizar e agradecer com todo amor e carinho os/as jovens que demonstram no fazer, no jeito novas formas de participação na I Conferência Nacional de juventude realizada nos dias 27 a 30 de abril de 2008.

Quero fazer as palavras deste breve texto gritar! Para demonstrar como está sendo significativa a participação juvenil na construção do marco legal no Brasil. E ainda destacar as lições conquistas e os desafios a trilhar neste processo.
A primeira grande lição para quem reivindica as Políticas Públicas de Juventude tem sido aprender a participar entender que a grandeza em compartilhar realidades (problemas, possibilidades) na perspectivas de melhorar a condição da juventude no Brasil e que o maior espetáculo tem sido o diálogo.

Nessa história os principais autores do roteiro são os/as jovens e adultos. Que não restringimos o que estão entre 406 mil participantes das etapas das conferencias estaduais e conferências livres,que buscaram articular com os diversos segmentos as bandeiras comuns(anexo proposta do FNMOJ), mas sobretudo ressaltar, que existe vários segmentos participando deste processo desde o final dos anos 90.

Isso implica, em afirmar como outra lição a diversidade juvenil diante de situações concretas, suas reivindicações argumentos que nas diferentes identidades de classe, de gênero, de raça , de escolaridade de meio ambiente que configuram uma juventude plural e nas experiências nas necessidades revelaram distintas beleza nas formas de organização e ação.
Estes jovens não são gigantes, também não são super-heróis e heroínas, mas são pessoas, gente especial, que nas suas diferentes bandeiras (raça, ambientalistas, trabalho, campo, cultura, sexualidade, segurança, educação, entre outros). Conseguiram aprofundar as propostas oriundas das etapas anteriores com bastante propriedade na possibilidade de construir uma agenda comum.

E ainda conseguiram pautar na cena nacional a juventude nordestina, mulheres, indígenas, juventude do campo, GLBTT ,pessoas com deficiência, e sobretudo a juventude negra na consideração as resoluções do I Encontro Nacional de Juventude Negra –ENJUNE,entre outros.
Nessa história os sujeitos políticos “sociedade civil, gestores públicos “ forma fundamentais nesta construção.Gostaria destacar os jovens como principal atuante no palco da democracia que não tiveram medo de apresentar propostas progressiva (em anexo o resultado da Conferência).
Pois como ninguém se constrói sozinho, somos construídos e construtores da história brasileira. E como existe uma correlação de forças, perceberem que para estas propostas sejam concretizadas teremos muito que fazer. Neste sentido temos que apontar os rumos a ser trilhados para que estas propostas não fiquem no papel.

Isto implica em manter animação, a chama da irreverência, o diálogo, a mobilização dos jovens para que possamos levar aprovação do marco legal, que para isso temos o desafio de ampliar a participação dos jovens nos estados e municípios, preparar mais e mais para saber com novos desafios e nos argumentos das Políticas de Juventudes.
Quero declarar que estou apaixonada pela juventude há um bom tempo. Por isso, minha expressão na conferencia que num ímpeto de coragem, fiquei de pé, aplaudi calorosamente e chorei copiosamente. O espetáculo da participação juvenil.

Todos ovacionaram esta arretada participação, percebi que todos demonstravam tamanha alegria. Então descobri que os /as jovens estavam apaixonados/ as por si mesmo. A auto-estima tão brilhante nas suas várias potencialidades em ser : dinâmicos/as , atraente, singelos/as , serenos/as, agitados/as, irreverentes, enfim tudo de bom.
E como diz o poeta, mas vale o já feito, mas vale o que será. quero convidar a vocês a continuarem neste processo, que estamos construindo na formulação e implementação das políticas de juventude o desejo de outros dias melhores virão.
“...Se muito vale o já feito, mas vale o que será
Mas vale o que será
E o que foi feito é preciso conhecer para melhor prosseguir
Falo assim sem tristeza, falo por acreditar
Que é cobrando o que fomos que nós iremos crescer
Nós iremos crescer, outros outubros virão
Outras manhãs, plenas de sol e de luz ...”( Milton Nascimento e Elis Regina)

Um forte abraço,
Graça Elenice Braga
Coordenadora do Programa Juventude e Participação - EQUIP
enviado para lista do FJR