sexta-feira, 9 de maio de 2008

40 anos pós-68 e artigo "monópolio da UNE"

O artigo "Monopólio da UNE" , que foi publicado por Otávio Luiz Machado hoje no Jornal O Tempo (Belo Horizonte), poderá ser visto aqui:
http://www.otempo.com.br/otempo/noticias/?IdEdicao=917&IdCanal=2&IdSubCanal=&IdNoticia=78482&IdTipoNoticia=1

Por outro lado, sob o título HISTÓRIA DA JUVENTUDE E DO MOVIMENTO ESTUDANTIL NO BRASIL: OS PASSOS PARA A INSERÇÃO NA MEMÓRIA DO MUNDO DO BRASIL, Otávio Luiz Machado apresentou na sede da Etapas, em Recife, um panorama geral do Projeto de Pesquisa "A Engenharia Nacional, os estudantes e a educação superior: a memória reabilitada (1930-85)" – PROENGE/UFPE, incluindo as duas vertentes: Acadêmica e Cidadã. A primeira mais voltada para a publicação de textos analíticos, identificação de novos documentos de importância para a história do movimento juvenil ou estudantil, divulgação de novos autores, a preocupação do movimento estudantil como tema de pesquisas e a construção de um acervo para novas pesquisas, enquanto a segunda foi tornar o tema mais conhecido pela sociedade, trazer para o domínio público documentos de arquivos privados ou escondidos em arquivos e contribuir para o tão falado direito à memória e à verdade histórica.
Também comunicou a formalização da candidatura do acervo do PROENGE no programa MEMÓRIA DO MUNDO DO BRASIL 2008 (Unesco), que representará de fato a possibilidade do conhecimento do acervo produzido pelo projeto, a sua preservação e a sua difusão à humanidade. Como o programa só contempla documentos originais, portanto foram inscritos 628 páginas com documentos textuais e 423 fotografias.
Com um público composto em sua maioria por jovens estudantes e envolvidos com os projetos sociais de juventude, membros de ONGs, professores do ensino fundamental e médio, o Coordenador de Atividades do PROENGE também fez uma longa introdução sobre os movimentos estudantis em 1968, além de debater com o público questões do movimento estudantil de hoje.
Para Otávio "o movimento mais espontâneo está acontecendo com as ocupações de reitorias", diferentemente da União Nacional dos Estudantes (UNE), que burocratizou e dominou o que poderia ser feito pelos estudantes, principalmente ignorando o que as mais diversas juventudes produzem e pensam. Nada fazem para motivar a participação política, segundo Otávio, levando-se em consideração a presença do mesmo grupo há quase 20 anos e o monopólio total junto ao Governo Federal, impedindo todas as iniciativa da juventude. Citou um projeto de Memória do Movimento Estudantil da UNE, que segundo ele, "o livro de história do movimento estudantil produzido pela UNE privilegiou o pessoal do grupo que tenta comandar o movimento estudantil ", o que seria a mais pura instrumentalização política da História.
Mostrou-se otimista com as ocupações, ao lembrar que "o movimento estudantil se faz a partir da preocupação de certos grupos sociais que se organizam e buscam atuar". Por outro lado, como lembrou que "o pensamento único mata o movimento estudantil", afirmou ser preciso "quebrar esses monopólios de entidades nacionais e a visão única produzida por tais entidades".
Otávio também mostrou sua preocupação com a história divulgada sobre 68, sobretudo no enfoque excessivo no eixo Rio-São Paulo, bem como em três ou quatro personagens. Citou o texto de Nilton Santos (ex-membro da Diretoria da UNE em 1968) que publicado no blog e que será capítulo de um livro a ser publicado:
"Ao contrário, são desconhecidas, por outro lado, importantes manifestações regionais como a mobilização massiva dos estudantes secundaristas baianos, em 1967, que de certa forma foi a "escola" de onde a diretoria da UNE e as entidades regionais tiraram as experiências que impulsionaram para a generalização das mobilizações nacionalmente. (...) Também são praticamente desconhecidas as manifestações estudantis de Minas Gerais que foram importantes atores na reorganização da UNE mantendo erguidas as bandeiras da UNE no pós 64 e onde a repressão foi feroz. Do mesmo modo mobilizações importantes ocorreram em Curitiba, Fortaleza, Recife e Rio Grande do Sul, Pará, por exemplo, para citar apenas algumas, que praticamente não aparecem e não são comentadas (ou o são apenas rapidamente) nos livros e publicações que falam da UNE de 1968. Não se fala também da ação organizada da UNE e de sua diretoria, que foi decisiva na extensão das mobilizações a todo país e em sua coordenação" (ver em
http://sejarealistapecaoimpossivel.blogspot.com/2007/09/texto-1968-experincia-de-um-movimento.html ).
A partir daí, diferentemente do que é divulgado sistematicamente na mídia de forma errada, Vladimir Palmeira e José Dirceu foram lideranças regionais e não nacionais. Muitos dos líderes nacionais estavam entre os membros da Diretoria da UNE 67-68: Luiz Gonzaga Travassos da Rosa (AP-SP), e como vices Nilton Bahlis dos Santos (DI - Rio Grande do Sul) José Roberto Arantes de Almeida (DI - São Paulo), Luís Raul Machado (AP - RJ), Jacques Zajdsznajder (DI - Rio), José Carlos Mata-Machado (AP - Minas Gerais), José Carlos Moreira (AP - Pernambuco), Peri (PO - Bahia), Jari Cardoso (São Paulo) e Edson (Minas Gerais).

Por fim, em entrevista a um veículo de imprensa na tarde de hoje, Otávio foi enfático:
"A história do movimento estudantil brasileiro de 68 ainda precisa de muito mais estudos sérios além dos que já foram produzidos. È preciso coragem de todos para encararmos as enormes lacunas e as inúmeras distorções. E ainda mais: os covardes que só falam o que interessam a si próprios deveriam se abrir e falar o que é de interesse público, bem como olharem a história como uma importante área de formação para as futuras gerações. Faltam gestos e ações espontâneas e embasadas na ética pública. Infelizmente o poder de convencimento de alguns figurões driblam até experientes jornalistas. E os leitores ficam sem nenhuma crítica ou síntese do que foi 68".


Email enviado por Otávio Machado, nesta sexta pela manhã.

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