quarta-feira, 14 de maio de 2008

Relato da última roda - dia 08 de maio

Na última quinta-feira, dia 08 de maio, o pesquisador Otávio Machado foi chamado para nossa Roda de Diálogo, conversando sobre o tema de seu trabalho: “História da Juventude e do Movimento estudantil no Brasil: os passos para inserção na memória do mundo e do Brasil”. Antes de propriamente começar, ele informou que parte deste material seria apresentado na Conferência Nacional, mas foi repensado para um seminário específico, que assim que for agendado, será avisado a todos.Para a Roda de Diélogo, o foco foi o ano de 1968.

O projeto já tem 3 anos e fez uma rica coletânea de entrevistas (quase 300) e documentos. Há um livro publicado (o qual já postamos como dica de leitura neste blog) e um DVD-rom, que reúne também mais de 50 autores. O projeto teve e em a preocupação de trazer o movimento estudantil como “tema” e de dar-nos o direito à memória e à verdade. Assim, não pretende ser produção apenas acadêmica.

Centrando mais em maio de 68, ou melhor, no ano/ época de 1968, Otávio trouxe algumas observações interessantes (que consegui anotar):
- Um dos autores mais lidos foi Marcuse.
- A leitura era de fundamental importância (formação política era ‘exigida”, as pessoas/estudantes tinham que ir preparados para as rodas de debate, discussão – dizer de onde tinha tirado tal frase, de que livro, etc – estudar pensadores era imprescindível)
-Depois de 68, surgiram muitos questionamentos, como à guerra do Vietnã, ao colonialismo, é presença feminina – machismo, liberdade...
- Pequeno histórico 68: março – manif. França e Alemanha, Abril – assassinato de Martin Luther King nos EUA, etc. Não podendo esquecer do “pano de fundo”da américa latina: Cuba (inspiração)
- Polarização ideológica da época (ou era a favor ou contra, ou era comunista ou da direita/ ditadura..)
- 1968 não foi apenas Rio-São Paulo, existiram muitas lideranças fora desse eixo (exemplo em 1967 da movimentação dos “excedentes” – jovens que terminavam ensino médio, passavam no vestibular mas não tinha vaga nas universidades – que foi nacional)
Zé Dirceu e Wladimir Palmeira foram líderes regionais
- 68 no Brasil: “Relatório Meira Matos” / Peça Roda Viva/ jovem Guarda / Morte do estudante Edson Luís / Biuna – Fichamentos / AI-5)

Na abertura para o debate, a primeira a se colocar foi Edna (Gajop), trazendo um conexão feita por ela baseada num detalhe da apresentação: “vendo o depoimento do Meira Matos, o quanto ela relembrou o “nosso” Meira, mostrando o quanto a ditadura influenciou/influencia na atuação policial até hoje”. Também relembrou o episódio do aumento das passagens de ônibus em 2005, quando os jovens foram às ruas. Afirmou também que hoje “a gente não vizualiza um grande ideal de luta do movimento estudantil e que eles não refletem toda juventude.

Graça Elenice (educadora da Equip) disse o quanto achava esta roda interessante. Pegando um gancho da fala do Ótávio que ela achou interessante, de que o movimento estudantil não foi só Rio – São Paulo, reforçou também que a juventude estudantil não era só universitária, havia a secundarista. E acrescentou que não somente a juventude estudantil fez a história da juventude do Brasil, a exemplo das juventudes católicas, juventude pastoral da terra, etc. Lembrou também dos vários veículos de comunicação que estão publicando matérias sobre 1968 e questionou uma afirmação que tem no Diário de Pernambuco do domingo dia 04 de que “a juventude está sem rumo”.. e trouxe outro questionamento: o que é que a juventude de hoje está fazendo para os problemas atuais existentes?.

Péricles (RJNE-PE) trazendo visão bem pessoal, colocou que os jovens em 68 não se identificavam enquanto jovens ou “juventude” com pautas específicas, que essa é terminologia muito recente. Eram militantes e que às vezes já se identificavam como adultos. Já hoje o recorte “jovem” é um elemento identificador. Já em relação ao movimento estudantil, ele coloca que tiveram esta atuação na época, mas... e depois? E diz que percebe um “saudosismo eterno”, mas que em relação a hoje, o que é o movimento ( carteira de estudante? Disputa de cargos?) e, numa visão também pessoal, percebe que eles não representam mais “a juventude” e talvez nem mais os estudantes.
E retomando o paralelo anterior, afirma: “hoje a juventude luta pela afirmação de seus direitos, lá era pauta ‘geral’.”

Jaqueline Soares (FASE-PE), que é formada em história, disse ficar muito feliz por ver a pesquisa, e reforça que a história não é um linha reta. Ela colocou que as juventudes sempre estiveram envolvidas nas lutas históricas. E que os jovens (diversos) construíram a história, e não apenas as juventudes partidárias.

Após essa rodada, a palavra voltou para Ótávio. Este, colocou que não concorda muito com a idéia de Péricles em relação à falta de identificação com “juventude” (exemplos “juventude operária Católica”, “juventude udenista”...). Agora observa que o “ser estudante” algumas vezes se confundia com o “ser jovem”.
Observa também que a “juventude” estava ligada à órbita da família, e que muitos não se entregaram tanto à causa assim (era que a universidade não estava proporcionando a ascensão social desejada por ele e pela família).
Em relação ao movimento estudantil atual, colocou que hoje é outro contexto, outra atuação ( a UNE dos anos 60 e a UNE de hoje são muito diferentes). Só para exemplificar: universidades publicas e milhares de universidades privadas hoje, questão da empregabilidade, antes: “colegas”, hoje: “concorrentes”, grades curriculares, rotatividade dos estudantes, enfim..
Neste momento, Otávio falou muito do que foi colocado na postagem anterior aqui do blog (e-mail enviado pelo próprio postado dia 09 de maio). Inclusive, como foi escrita por ele mesmo, estão bem mais claras suas colocações.

Com a hora já um pouco avançada, Alersson (Gerencia de juventude), Edna (Gajop) trouxeram algum comentários. Otávio também. Por último Graça (Equip) e Simão Neto.
Neste momento já anotei menos e de forma mais confusa, mas posso afirmar que a UJS foi lembrada. Graça tentou deixar claro que o tempo é outro, que as necessidades mudam, e que era importante refletir sobre “o que é que a UJS tem de pauta que ‘casa’ com as nossas” e mais, que era importante eles beberem nas próprias fontes, se avaliarem, mas, se estão ou não fazendo isso...”
Já Simão colocou que sempre foi contra pensamento único, e que é importante a diversidade, e lembrou que mesmo entre as organizações (ongs) e movimentos, que não só o estudantil, também há muitos que se fecham “em seus mundinhos” que muitos também não se preocupam em ir/ocupar espaços de discussão, espaços formativos. E aí emendou sua fala com o momento para os repasses:
- Ele, juntamente com Péricles, foram para reunião sobre o pacto pela Vida e conseguiram pautar a nossa audiência com o governador, estamos agora esperando a data.

Como sugestão para próxima Roda, ficou o tema: “Juventude e vida segura” (que será dia12 de junho), com a presença de Ratton e de Marcílio para instigar o debate. Falta apenas ambos confirmarem (já foram contactados).

Pó último, Auta (Etapas) pediu para que se fizesse alguma fala sobre a conferência, para quem estava lá dar uma pequena palavrinha. Assim, foi sugerido que graça lesse seu texto, que já foi postado neste blog e também entregue a todos presentes na roda, assim como a cópia das prioridades escolhidas na Conferência (estão no site
www.juventude.gov.br). Quem acabou de ler o texto fui eu, devido a emoção de Graça. Jaqueline Soares também demonstrou sentimento positivo em relação ao evento.

Bem, este é meu falho relatório, escrito de uma vez só e sem correções. Por favor, quem quiser e puder, complete.

Abraço,
Jakeline Lira


PS:
Nesta roda, tivemos a presença de 40 pessoas. O número talvez um pouco maior que o usual, para uma roda temática, devido presença de vários jovens ligados ao CCJ (acho que é Centro de Comunicação e Juventude).


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